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AEN Brazil : Desenvolvimento Sócioeconômico

Desenvolvimento Sócio-Econômico Perspectiva Bahá'í Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Brasil Escritório de Meio Ambiente e Desenvolvimento Brasília, Abril de 1996 SUMÁRIO Apresentação....4 Introdução....5 Ensino e Desenvolvimento.....6 O Escritório Bahá'í de Meio Ambiente e Desenvolvimento.....9 Modelo de Desenvolvimento.....12 Ferramentas para o Progresso Social-Econômico....16 Princípios e Virtudes que Podem Solucionar Problemas Sociais.....21 Normas para Projetos Bahá'ís de Desenvolvimento.....30 Como Iniciar o Primeiro Passo.....38 Apêndice.....42 "A unidade da humanidade, que é ao mesmo tempo o princípio operante e a meta final de Sua Revelação, implica na realização de uma coesão dinâmica entre as necessidades espirituais e materiais da vida na terra". Casa Universal de Justiça APRESENTAÇÃO Reconhecendo que a existência de normas torna o processo de planejamento mais ágil e racional, o Departamento de Desenvolvimento Sócio-Econômico*, órgão da Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Brasil, reuniu neste Caderno de Estudo, as informações do Centro Mundial Escritório de Desenvolvimento Social e Econômico, que orientam o processo de organização de projetos Bahá'ís de desenvolvimento. Este Caderno de Estudo é o primeiro de uma série de publicações nesse sentido que o Departamento produziu. Esperamos que tendo conhecimento dos passos a serem tomados, a comunidade Bahá'í do Brasil se envolva de forma vibrante na importante missão de realizar de forma dinâmica a "coesão entre as necessidades espirituais e materiais da vida na terra". *(Em março de 1995 a Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá 'is do Brasil, tendo em vista a visão atual de desenvolvimento sustentável. designou o Escritório Bahá'í de Meio Ambiente e Desenvolvimento - EMAD, que surgiu da fusão do Escritório de Meio Ambiente e do Departamento de Desenvolvimento socioeconômico. Assim, na 3ª edição deste livreto foram feitas algumas atualizações visando integrar cada vez mais as atividades relativas ao desenvolvimento e meio ambiente.) INTRODUÇÃO "Em todos os ciclos dos profetas, os assuntos filantrópicos estavam confinados tão somente aos seus respectivos povos - com exceção de pequenas questões como caridade, que era permitida a ser estendida aos outros. Mas nessa maravilhosa dispensação, os assuntos filantrópicos pertencem a toda a humanidade, sem qualquer exceção, pois esta é a manifestação da misericórdia de Deus. Portanto, cada assunto universal - isto é que pertence a todo o mundo da humanidade - é divino; e qualquer assunto que seja sectário ou especial, não é universal em seu caráter - ou seja, é limitado. Portanto, minha esperança é que os amigos de Deus, cada um deles, possa se tornar como a misericórdia de Deus à toda a humanidade." 'Abdu'l-Bahá Essas palavras de 'Abdu'l-Bahá dão-nos uma nova perspectiva do que significam os projetos sócio-econômicos dentro da visão bahá'í. Esta Fé divina, sendo ampla em seu caráter, abarca toda a humanidade sem qualquer distinção. Todas as ações que resultam dos ensinamentos de Bahá'u'lláh são aplicáveis a toda a humanidade, seja no campo da expansão, da consolidação ou do desenvolvimento das comunidades Bahá'ís. Essas orientações de 'Abdu'l-Bahá também nos abrem uma nova perspectiva com relação a harmonia que pode existir entre o trabalho de ensino da Causa e aquele do desenvolvimento social e econômico, harmonia esta que irá assegurar uma mais profunda consolidação a níveis de ensino da Causa até então não vivenciados. ENSINO E DESENVOLVIMENTO Desenvolvimento: reflexo do ensino da Fé Proclamação, expansão e consolidação são partes indissociáveis do trabalho de ensino. É o ensino que dá vida à Causa, traz as confirmações do alto e, então, o desenvolvimento da comunidade a nível social e econômico um reflexo do ensino da Fé. Em relato dado pelo Dr. Iraj Poostchi, consultor do Escritório de Desenvolvimento Social e Econômico do Centro Mundial Bahá'í, foi destacado como um exemplo claro de como o ensino e o desenvolvimento podem andar de mãos dadas. O Dr. Poostchi relatou uma iniciativa de Bahá'ís de um país africano que haviam decidido visitar uma vila próxima à sua cidade onde pretendiam ser de utilidade para a melhoria das condições de vida da população daquela localidade. Decidiram então, realizar uma grande reunião onde seriam convidados todos os habitantes da vila, inclusive o chefe tribal, para que conhecessem a proposta que os Bahá'ís queriam apresentar: a de serem elementos úteis no processo de transformação social, alcançando-se o objeto do desejo da população da vila para melhoria das suas condições de vida. Uma comissão sentou-se à mesa em praça pública com o chefe tribal e iniciaram a apresentação da proposta de colaboração da comunidade bahá'í. Os demais elementos da vila reuniram-se ao redor desta mesa e ouviam a conversa. Vários Bahá'ís encontravam-se também na audiência e, à medida que a população se perguntava o que é bahá'í, quem são essas pessoas, o que pretendem, quais os ensinamentos que trazem e os Bahá'ís gradativamente explicavam qual era o objetivo da Causa Bahá'í, quem era Bahá'u'lláh e porquê os Bahá'ís estavam visitando a vila. Ao final das negociações com o chefe tribal, estava acertado um projeto de apoio da comunidade Bahá'í da cidade para o desenvolvimento comunitário na área da educação, e por outro lado, na audiência, quase uma dezena de pessoas já haviam declarado sua Fé em Bahá'u'lláh. O Trabalho de Ensino da Fé Sem dúvida a Casa Universal de Justiça apresenta, em sua mensagem de outubro de 1983, a noção de que os projetos Bahá'ís podem transformar uma comunidade forte, em uma comunidade mais forte ainda. Para que haja uma comunidade forte é necessário que haja vida comunitária. Para que haja vida comunitária é necessário que existam elementos dispostos ao trabalho do ensino da Fé, e se esses elementos existem, então é possível repetir-se o mesmo modelo de trabalho realizado na África. As variantes são muito grandes, mas o princípio fundamental que devemos ter em mente "é que nossos propósitos, nos projetos de desenvolvimento Bahá'ís, não são de puro assistencialismo". O assistencialismo, este sim, é prejudicial aos objetivos de expansão e consolidação da Causa, numa localidade. O assistencialismo toma-se um elemento coercitivo para que pessoas aproximem-se da Causa por interesses materiais e não para sua transformação espiritual. Vejam por exemplo que a audiência da população da vila conforme a história acima descrita, não participava do processo decisório, e sim, desejava conhecer quem eram os Bahá'ís. Surgindo das Raízes... Esse é apenas um exemplo e há anos exemplos que podemos conhecer à medida que colocamos na prática os princípios de desenvolvimento bahá'í. A questão fundamental é que tenhamos sempre em mente o princípio que rege os projetos sócio-econômicos na Fé Bahá'í: eles devem surgir das raízes, das bases de cada comunidade. Devem atender aos anseios e expectativas dessas raízes da comunidade que devem ser por eles geridos. ESCRITÓRIO Bahá'í DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO Missão O Escritório Bahá'í de Meio Ambiente e Desenvolvimento é um órgão da Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Brasil, criado em 1995, com a missão específica de: "Estimular, auxiliar no planejamento, acompanhar, avaliar e pesquisar programas e projetos de desenvolvimento sócio-econômicos e de preservação do meio ambiente no Brasil, coordenados por indivíduos ou instituições Bahá'ís, sempre de acordo com as orientações dadas pela Casa Universal de Justiça e instruções da Assembléia Espiritual Nacional dos Bahá'ís do Brasil, e; "Promover a conservação do meio ambiente e o desenvolvimento sócio-econômico na comunidade Bahá'í e sociedade em geral dentro da perspectiva Bahá'í de desenvolvimento integral, tanto a nível material e espiritual." Suas Atribuições: Estímulo O Escritório busca, através dos meios disponíveis: informativos, cartas e viagens de seus membros - difundir na comunidade Bahá'í brasileira os princípios Bahá'ís para o desenvolvimento social e econômico, e a compreensão dos Bahá'ís e da sociedade sobre o desenvolvimento integral e a relação homem/natureza, estimulando a realização de projetos e apoiando programas estabelecidos pela Assembléia Nacional, difundindo também técnicas e conhecimentos práticos de I nodo que estes projetos possam tornar-se uma atividade complementar à do ensino, onde o material e o espiritual se harmonizam. O Escritório também tem elaborado e traduzido materiais Bahá'ís sobre o tema "desenvolvimento humano e meio-ambiente". Planejamento O Escritório está hoje preparado para oferecer a comunidade Bahá'í e/ou indivíduos orientações técnicas necessário planejamento de um projeto onde mantém-se um fluxo bilateral de comunicações entre a comunidade Bahá'í e o Escritório, buscando durante este processo, os subsídios necessários junto a comunidade Bahá'í e não bahá'í. Acompanhamento e Avaliação O Escritório procura acompanhar e avaliar o desenvolvimento de projetos Bahá'ís, buscando desta forma melhor orientá-los no cumprimento das diretrizes da Casa Universal de Justiça de modo que estes sempre tenham vinculação com as raízes da comunidade à qual servem, e que se tornem gradativamente auto-sustentáveis tanto em recursos humanos quanto materiais e financeiros. Neste particular, para a realização deste trabalho faz-se necessário que haja um contínuo fluxo de informações entre os projetos e o Escritório e vice-versa. Para um melhor acompanhamento e avaliação são necessários diversos elementos, tais como: relatórios financeiros e operacionais dos projetos em curso, atualizações periódicas de dados estatísticos e de recursos humanos disponíveis e necessários, visitas periódicas de membros do Escritório. Pesquisa O Escritório vem preparando um banco de dados para que possa servir de subsídio não só na tomada de decisões com relação a guia e orientação para projetos como também para fornecimento de subsídios para levantamento de recursos humanos, materiais e financeiros. O Escritório está apto também, a realizar pesquisas bibliográficas e ou de campo relativas ao desenvolvimento Sócio-Econômico e meio ambiente. MODELO DE DESENVOLVIMENTO Definição e Conceito Definição: (s.m. - Novo Dicionário da Língua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda, Editora Nova Fronteira RJ) Estágio Social, econômico e político de uma comunidade, caracterizado por índices de rendimento dos fatores de produção, i.e., os recursos naturais, o capital e o trabalho. Hoje, através deste conceito de desenvolvimento nas nações são classificadas como "subdesenvolvidas", "em desenvolvimento" ou "desenvolvidas" e as pessoas, dentro deste contexto, como sendo "ricas" ou "pobres". Levando-se em conta o conceito e classificação de nações e pessoas apresentadas acima, o desenvolvimento humano, seja individual ou coletivo, é puramente materialista, "ter" ou "não ter", "poder" ou "não poder", com as conseqüentes lutas para "alcançarem o que não têm" de parte dos carentes, e "ter mais ainda, por segurança", de parte dos que têm. Um Novo Conceito O conceito Bahá'í de desenvolvimento consiste numa coesão dinâmica entre as necessidades espirituais e materiais da vida na terra, i.e., a aplicação de princípios como: "retidão de conduta, a prática da arte de consulta, elevando-se eles mesmos (os indivíduos) e assim se tornando auto-suficientes e autoconfiantes. (1) Os amigos poderiam perguntar: de que valem a aplicação dos princípios espirituais, retidão de conduta e consulta para pessoas com sérios problemas econômicos? Será que melhorarão sua vida material? Cremos que os aspectos espirituais e materiais na realidade se reforçam e se completam de uma maneira positiva. Isto significa que soluções efetivas a problemas, inclusive os problemas materiais, têm um elemento espiritual. Em outubro de 1983, a Casa Universal de Justiça apresentou a toda a comunidade Bahá'í a necessidade de ordenarem os assuntos humanos, através do nosso maior envolvimento no desenvolvimento da vida social e econômica dos povos, de tal forma a criar um mundo unido em todos os aspectos essenciais da vida. (1) Carta da Casa Universal de Justiça - 20/10/93. A Carta da Casa Universal de Justiça (excertos) 20 de outubro de 1983 aos Bahá'ís do mundo Queridos amigos Bahá'ís, Em incontáveis versos e epístolas, Ele, repetidamente e de várias formas, declarou que o "progresso do mundo e o desenvolvimento das nações" estavam entre os mandamentos de Deus para este dia. A unidade da humanidade, que é ao mesmo tempo o princípio operante e a meta final de Sua Revelação, implica na realização de uma coesão dinâmica entre as necessidades espirituais e materiais da vida na terra. Agora, depois de todos esses anos de constantes atividades de ensino, a comunidade do Maior Nome cresceu ao ponto que o processo deste desenvolvimento deve ser incorporado às suas atividades regulares, particularmente é uma ação que nos é imposta pela expansão da Fé nos países do Terceiro Mundo, onde reside a grande maioria de seus aderentes. Os passos a serem tomados devem, necessariamente, começar da própria comunidade Bahá'í com os amigos se esforçando, através da aplicação dos princípios espirituais, da retidão de conduta e da prática da arte da consulta, elevarem-se eles mesmos e assim tornarem-se auto-suficientes e autoconfiantes. Convocamos agora as Assembléias Espirituais para considerarem as implicações desta emergente tendência para suas respectivas comunidades e tomarem medidas bem concebidas para envolverem o pensamento e as ações das Assembléias Espirituais... e indivíduos na criação e implementação de planos, dentro da limitação das circunstâncias existentes e dos recursos disponíveis. A tarefa mais importante das Assembléias... é ampliar a conscientização .. ,sobre as necessidades e possibilidades, e guiar e coordenar os esforços resultantes de tal conscientização. Este desafio evoca os recursos, flexibilidade e a coesão de muitas comunidades que compõem o mundo bahá'í. Diferentes comunidades, certamente irão encontrar diferentes formas e diferentes soluções para necessidades similares. Algumas (comunidades) poderão oferecer ajuda externa, enquanto outras, no início, precisarão receber ajuda; mas todas, independentes das circunstâncias ou recursos, estão dotadas de capacidades para responder em alguma medida; e podem compartilhar, ou participar de empreendimentos conjuntos para aplicarem mais sistematicamente os princípios da Fé para a elevação da qualidade da vida humana. A chave do sucesso é unidade em espírito e em ação. "Vamos adiante confiantes de que o envolvimento dedicado dos amigos nessas atividades assegurará uma consolidação mais profunda da comunidade em todos os níveis. "Devem... nossas crescentes atividades no campo do desenvolvimento serem vistas como um reforço ao trabalho de ensino e uma manifestação maior de Fé em ação. "...O chamado a ação é dirigido aos amigos individualmente sejam eles adultos ou jovens, veteranos ou recém ingressados. Que dêem o passo a frente para tomarem seus lugares na área de serviço onde seus talentos e habilidades, seu treinamento especializado, acima de tudo, sua dedicação aos princípios Bahá'ís, possam ser colocados a serviço da melhoria do destino do homem." Nos excertos mostrados acima destacam-se alguns desses aspectos que caracterizam o modelo Bahá'í de desenvolvimento. O desafio é aplicar os Ensinamentos de Bahá'u'lláh na resolução dos problemas materiais, sendo assim, o objetivo final do desenvolvimento na visão Bahá'í é a evolução da civilização. Para este fim, a aplicação dos princípios espirituais, conduta reta e consulta Bahá'í funcionam como ferramentas essenciais no processo de desenvolvimento. FERRAMENTAS PARA O PROGRESSO SOCIAL E ECONÔMICO (Participación de las Comunidades en su Propio Desarrollo 6° Seminario Boliviano de Desarrollo Económico Social Bahá'í 28, 29/02 e 01103 - 1992 - Cochabamba Bolívia) As estratégias Bahá'ís do desenvolvimento social e econômico são claramente afirmadas pela Casa Universal de Justiça em sua mensagem sobre o desenvolvimento. A aplicação dos princípios espirituais, a retidão de conduta e a consulta são as ferramentas que usamos. Apreciação das Ferramentas Bahá'ís Não é fácil apreciar o valor das ferramentas espirituais em uma sociedade materialista. A maior parte dos programas de desenvolvimento tem peritos, pesquisas e muito dinheiro; "que cremos nós Bahá'ís podermos alcançar o sucesso tendo lindos princípios e sendo boas pessoas?" Temos que meditar cuidadosa e profundamente sobre isto, já que, se não entendemos qual é o método bahá'í, se não cremos realmente que funcionará, não poderemos seguir as instruções da Casa Universal de Justiça e levar avante o desenvolvimento como se deve. Para recordarmos a nós mesmos do desafio de usar os princípios espirituais para solucionar problemas materiais, pensemos em duas comunidades reais e os problemas que se têm confrontado. Exemplos... Nosso primeiro exemplo é uma área rural em uma nação africana com sérios problemas econômicos. As estradas estão em mal estado e pioram a cada ano; a comunicação com o resto do país é impossível durante a época da chuva. Quase duas de dez crianças morrem antes de chegar aos cinco anos de idade; enfermidades intestinais e de pele são freqüentes. Há uma clínica, no entanto, está fechada. Há desnutrição já que a terra não pode manter o crescente índice da população. Há um elevado número de analfabetos; a renda percapita é de US$ 160/ano. "De que vale a aplicação de princípios espirituais, retidão de conduta e consulta para essas pessoas nesta área? Será que melhorarão sua vida material?" Consideraremos também um problema social em um país rico, industrializado. Refugiados de uma perseguição religiosa chegam a um novo país. Não têm amigos, não falam o idioma, não podem encontrar trabalho e a cultura lhes parece estranha e ameaçadora. "Que benefício obterão estas pessoas de princípios e virtudes espirituais? Não será suficiente provê-las de comida, alojamento e apoio financeiro?" Voltaremos a estas duas situações depois de ver os métodos sugeridos nos Escritos Bahá'ís para solucionar os problemas sociais. Soluções Espirituais e Materiais Os Bahá'ís crêem que os aspectos espirituais e materiais na realidade se reforçam e se completam de uma maneira positiva. Isto significa que soluções efetivas a problemas, inclusive, os problemas materiais, têm um elemento espiritual. Por exemplo, uma cooperativa de produtos lácteos de sucesso na Índia, recebeu muita atenção de profissionais no campo do desenvolvimento. Como era possível organizar mulheres do campo para vender o leite e transportá-lo rapidamente às áreas urbanas? A essência desta organização complexa era confiança e respeito. O organizador acreditou que as mulheres tinham a capacidade necessária, criou uma atmosfera que confirmou a dignidade e a capacidade de cada participante e a cooperativa cresceu rapidamente e tiveram lucro. (3) Por outro lado, a ausência de princípios espirituais causa pobreza é destruição. Os diferentes sistemas de valores de países vizinhos podem ser vistos claramente ao sobrevoá-los. Nestes se assiste e apóia pequenos agricultores, e há bosques verdes. O outro lado da fronteira há campos desgastados e sem árvores, já que grandes produtores se têm concentrado em cultivar produtos que dão altos ganhos rapidamente, e os agricultores pobres têm sido forçados a derrubar os bosques para cultivar produtos alimentícios (4). A política espiritualmente destrutiva no segundo país - onde os ganhos altos é que importam e não os pequenos agricultores têm destruído a terra. (3) "Operation Flood", World Development Forum 5:4 (4) Green of Haiti idem, 4:6. As ferramentas espirituais são também importantes no desenvolvimento visto que o progresso material em última instância fracassa a não ser que haja um progresso espiritual correspondente. Podemos ver a futilidade de um mero desenvolvimento material em qualquer das grandes cidades do mundo. "Enquanto não se estabelecer a civilização espiritual, não haverá nenhum resultado da civilização material..." 'Abdu'l-Bahá descreve uma civilização meramente material como um sonho, um vapor no deserto, (6) um corpo belo porém sem vida, que só pode ser vivificado por uma civilização espiritual. (7) Uma sociedade saudável e produtiva deve ter tanto prosperidade material como forças espirituais. Ensino e Desenvolvimento uma Responsabilidade Bahá'í... As Escrituras Bahá'ís contém instruções claras para elevar a qualidade de vida da humanidade. Ao dizer aos Bahá'ís que apliquem os ensinamentos de Bahá'u'lláh aos problemas da sociedade ao nosso redor, a Casa Universal de Justiça nos está dizendo que temos a obrigação de dar o exemplo. As pessoas querem saber como melhorar as suas sociedades, como fazer desaparecer seus problemas. O Bahá'í tem que demonstrar que o sentido de auto-estima e dignidade motiva as pessoas a elevarem-se da pobreza. (5)'Abdu 'l-Bahá, Divine Civilization, pp-60-61. (6) 'Abdu'l-Bahá, Promulgation, p. 96. (7) Idem a nota n° 5 deste mesmo tópico. A Casa Universal de Justiça explica a responsabilidade singular da comunidade na solução de problemas sociais. Não é de um mero bem-estar material que as pessoas precisam. O que necessitam desesperadamente é saber como viver suas vidas - precisam saber quem são, para que propósito existem (a que causa dedicar a vida), e como devem atuar uns para com os outros; e, quando souberem as respostas a estas perguntas elas precisarão ser ajudadas a aplicar gradativamente estas respostas a seu comportamento diário. É para a solução do problema básico da humanidade que deve ser dirigida a parte principal da nossa energia e nossos recursos. (8) As estratégias Bahá'ís para o desenvolvimento social e econômico estão concentradas em problemas globais. Se queremos eliminar a pobreza, não é suficiente que o povo aprenda habilidades que lhe permitam gerar renda. Também necessitam de confiança, um sentido de auto-estima, intermediários honestos e, em última instância, uma mudança de atitudes e comportamentos por parte das pessoas de posses elevadas. Uma campanha de alfabetização bem sucedida requer uma boa organização e bons professores, mas também requer fé na capacidade humana e ao amor ao aluno. As estratégias espirituais são de grande contribuição ao desenvolvimento já que os problemas humanos não são simplesmente problemas materiais. (8) Carta escrita em nome da Casa Universal de Justiça, 19/11/1974. PRINCÍPIOS E VIRTUDES Bahá'ís QUE PODEM SOLUCIONAR PROBLEMAS SOCIAIS O Poder da Unidade A unidade é uma ferramenta para melhorar a vida da humanidade. 'Abdu'l-Bahá escreveu que "Nada pode ser alcançado no mundo, nem sequer imaginado, sem unidade e acordo, e o meio perfeito para promover companheirismo e união é a religião verdadeira (9) "A unidade é uma fonte de poder e vitalidade" (10) é o "maior dos instrumentos para alcançar o progresso e a glória do homem, o agente supremo para a iluminação e a redenção do mundo. (11) As pessoas podem realizar atividades concretas com o poder da unidade. Comunidades Bahá'ís têm construído estradas e pontes em suas aldeias. É bastante difícil para uma única pessoa construir uma ponte, mas uma comunidade unida pode fazê-lo, em um dia. Mulheres Bahá'ís em uma nação do Pacífico se revezam para visitar-se. Oravam juntas e logo ocupavam o resto do dia trabalhando para melhorar a casa dessa outra pessoa. A unidade dá as pessoas um poder que não o teriam enquanto um indivíduo. (9) Abdu'l-Bahá, Divine Civilization, p. 73. (10) Casa Universal de Justiça, Wellprings, p.38. (11) Idem a nota n. 9 deste mesmo tópico. Os Bahá'ís estão conscientes do poder da unidade para aproximar os povos da Fé e o poder da unidade para termos comunidades Bahá'ís saudáveis e felizes. Mas o poder da unidade não termina aí. A unidade é uma força que curará e revitalizará a sociedade humana. A unidade é necessária para proteger o ambiente. A unidade é necessária para estabelecer conexões comerciais para a prosperidade econômica. A unidade faz que funcionem as organizações comunitárias. Os Bahá'ís têm uma capacidade de criar e esta é uma habilidade que temos que compartilhar com a sociedade ao nosso redor. A verdadeira religião é o meio perfeito para promover a unidade. Esta é uma ferramenta poderosa que temos, uma ferramenta que tem efeito sobre o mundo material. O Poder do Desprendimento A qualidade de ser generoso, de sacrificar-se pelo benefício de outros, é um meio de elevar a condição da humanidade. "O homem chega a perfeição através de boas obras, executadas voluntariamente... compartilhar voluntariamente, usar voluntariamente a sua própria existência, leva a sociedade a trabalhar pelo bem estar e pela paz. Ilumina o mundo; confere honra a humanidade." O bem estar social alcançará as pessoas que se desenvolveram espiritualmente de tal forma que queiram compartilhar mutuamente. O bem estar e a paz da sociedade não podem ser legislados, não podem ser forçados, n&o podem ser introduzidos como projeto. Os povos têm que mudar interiormente, para desenvolver as características espirituais que expressam o potencial humano. O serviço à humanidade inspirado pela adoração a Deus, escreveu o Guardião é vital para a regeneração do mundo; é o único agente capaz de salvar um mundo cansado. A comunidade Bahá'í de uma pequena ilha tinha desafios que são comuns a muitas ilhas: poucas oportunidades de emprego, paralisação da economia e uma precária infraestrutura. Numa Convenção Nacional Bahá'í um dos amigos disse que a melhor água da ilha vinha de uma fonte situada em sua propriedade. Poderiam os Bahá'ís criar um sistema de distribuição desta água? Um Bahá'í da capital se ofereceu para vir fazer um reconhecimento técnico. O Escritório de Desenvolvimento Bahá'í solicitou ajuda financeira de vários outros países. Os bahá' ís mantiveram informadas as autoridades governamentais e depois de mais ou menos um ano de plano se construiu um sistema de distribuição usando a água oferecida pelo generoso bahá' í. Compartilhar voluntariamente cria laços no reino espiritual que inspira a outras pessoas a compartilharem. O desenvolvimento requer dinheiro, mas o dinheiro não é suficiente. Não podemos ajudar as pessoas sem auto-sacrifício. Nosso desprendimento, nosso desejo de servir a humanidade é, sem dúvida, uma ferramenta poderosa que afetará o mundo material. O Poder das Motivações Puras A pureza de motivos é uma força poderosa que pode melhorar a sociedade. 'Abdu'l-Babá escreveu: "... através das águas vivificantes da intenção pura e do esforço desprendido, a terra das potencialidades humanas florescerá com sua própria excelência latente". As pessoas respondem aos motivos puros quando fazem algo pelos outros e, se sabemos que seus motivos são puros confiamos nela. Cria unidade e gera outros sentimentos positivos. A sinceridade e a pureza inspiram os indivíduos, motivam os outros a tomar ações, atraem confirmações divinas. Os esforços para melhorar a sociedade não podem ter êxito sem uma motivação pura. "Se sua intenção é sincera, resultados desejáveis e, melhoria imprevisíveis resultarão, se não, com certeza qualquer assunto não terá significado algum", Ajuda ao desenvolvimento oferecida com motivações duplas nem sempre têm um efeito positivo. Um país em desenvolvimento necessita de simples clínicas rurais, e uma grande força de agentes comunitários de saúde, mas em lugar disso ele recebe um hospital moderno e sofisticado já que o país doador se beneficia da exportação de equipamentos hospitalares caros. Simples clínicas rurais não requerem exportação alguma. Uma nação cuja indústria de tratores tinha uma capacidade de produção que superou a sua demanda, deu a uma nação agrícola pobre, um empréstimo, sem juros, suficiente para comprar mil tratores. Os tratores não produzem mais arroz que os búfalos, porém estimulam o monocultivo que destrói produtos tradicionais como manga e coco e o alto custo de operar um trator provocou a migração do campo de muitos agricultores tradicionais. Os tratores podem ter ajudado a rica fábrica de tratores, porém foi um desastre para os agricultores pobres da nação que os receberam. As motivações puras permitem as pessoas· criar progresso social. Se estamos buscando ganhos materiais, tratando de demonstrar quão amáveis e maravilhosos somos nós, tratando de impressionar o Governo, ou tratando de chamar a atenção sobre nós mesmos, nossas atividades de desenvolvimento não alcançarão o que poderiam alcançar se nossas motivações fossem puras. Não é fácil alcançar uma motivação verdadeiramente pura. O ego, ao insistir realmente em fazer as coisas 'a minha maneira', é um grande obstáculo e um problema no trabalho de desenvolvimento. O Poder da Confiabilidade As atividades de desenvolvimento social e econômicas fracassam quando as pessoas não são confiáveis. Se um mestre não se apresenta para ensinar, as crianças perdem o interesse, desaparece a disciplina e os pais perdem o desejo de trabalhar para educar os seus filhos. Uma cooperativa se desintegra se o tesoureiro se utiliza dos fundos para si mesmo. Um programa de treinamento tem sérios problemas se repetidas vezes se perdem materiais ou se as pessoas exageram os custos com transportes que terão que ser reembolsados. Confiabilidade faz progredir o indivíduo e a comunidade. É um imã que motiva as pessoas a colaborarem, nos impulsionam a ir adiante: "a confiabilidade é meio principal de atrair confirmações e prosperidade". O Poder das Qualidades e Virtudes "O melhoramento do mundo pode ser alcançado mediante atos puros e excelentes, mediante uma conduta louvável e apropriada." As características espirituais são um poder motivador na sociedade. São fontes de energias; impulsionam os esforços materiais no desenvolvimento. Estradas, tecnologia e desenvolvimento, somados a unidade, desprendimento, amor e confiabilidade também são infra-estruturas essenciais. As qualidades e virtudes fazem com que funcionem invenções concretas no desenvolvimento: construções e livros de textos requerem mestres que tenham consciência e que se preocupem com seus estudantes; clínicas rurais e centros de treinamento requerem pessoas confiáveis e que respeitem a seus clientes; cooperativas agrícolas requerem membros em que se possam confiar e depender uns dos outros. O desenvolvimento material pois só não melhora realmente a condição da sociedade; necessita o poder de princípios e qualidades espirituais para ser efetivo. "O desenvolvimento material pode ser comparado com o vidro de uma lâmpada, enquanto as virtudes divinas e as suscetibilidades espirituais são a luz dentro do vidro. O vidro da lâmpada não tem valor sem a luz; semelhantemente o homem em sua condição material requer a radiância e vivificação das mercês divinas e dos atributos misericordiosos." A unidade e o desprendimento e outras qualidades espirituais são meios efetivos de alcançar o "estandarte de vida" das pessoas que o adoram. Porém, também são muito mais importantes que isto. São as ferramentas que nos deu Bahá'u'lláh para criar uma sociedade fundamentalmente diferente da que vivemos. Com um esforço unido podemos construir um poço de água ou responsabilizarmo-nos por uma aula de crianças, mais que isso, queremos estabelecer uma unidade entre as diferentes classes e grupos étnicos que começarão a unificar toda a sociedade. A dedicação e o auto-sacrifício dos amigos em construir alguma coisa também convencerão as outras pessoas de que esforços voluntários tenderão ao êxito. Nosso amor por Bahá'u'lláh e nosso compromisso com Seus princípios tem que alcançar além do nosso coração e penetrar em nosso comportamento, até que transpareçam na ação das comunidades em que vivem. Este modelo da aplicação dos princípios espirituais, combinado com uma apresentação vigorosa da Fé-, exercerá sua influência "no processo, gradualmente, e como conseqüência, os amigos indubitavelmente estenderão os benefícios de seus esforços à sociedade em sua totalidade, até que toda a humanidade alcance o progresso previsto pelo Senhor das Idades." Voltando às duas Comunidades... Que pode fazer o desenvolvimento espiritual para os Bahá'ís da área rural da África ou para os refugiados que chegaram no país ocidental? Em uma nação africana específica várias Assembléias Espirituais Locais consultaram sobre o que poderiam fazer a comunidade Bahá'í como serviço comunitário. Decidiram construir uma clínica de saúde que havia se desmoronado. Provavelmente havia sido uma construção de barro e palha, e se não há manutenção em uma construção de barro e palha ela se desmorona. Os Bahá'ís perguntaram as outras pessoas da área se eles ajudariam a reconstruir o centro de saúde, mas os vizinhos se negaram dizendo: "Talvez os Bahá'ís trabalhem sem pagamento, porém, nós não." Várias comunidades Bahá'ís se juntaram e reconstruíram o centro de saúde. Outras pessoas se uniram quando viram levantarem-se os muros. Qual foi o resultado disto? Um agente de saúde começou a visitar o centro - houve novamente cuidados de saúde pelos esforços dos Bahá'ís. Foi pedido aos Bahá'ís para administrarem os fundos do centro. O prestígio da Fé aumentou enormemente, a um nível, inimaginável, os Bahá'ís foram confirmados. Também tiveram centros de alfabetização, seminários de treinamento agrícola foram ministrados, construíram banhos em todos os mercados públicos da sua área. O serviço é um imã que atrai forças celestiais para seu êxito, seus serviços e sua unidade lhes confirmaram como serviços de Deus e de seus concidadãos. Consideremos agora o outro exemplo: o dos refugiados em um país desenvolvido. Os refugiados necessitam mais que alojamento, comida e apoio financeiro. Até que os membros de sua nova sociedade venham a tratá-los com amor e aceitação os refugiados eram alguém fora do seu antigo país mas não ainda parte de um novo país. As comunidades Bahá'ís ocidentais que têm dado as boas vindas aos refugiados Bahá'ís iranianos, têm testemunhado o poder dos princípios espirituais em ação. Os amigos do Oriente e Ocidente fizeram grandes esforços para entender-se mutuamente para tornar mais agradáveis suas vidas; sofreram, se esforçaram e experimentaram o poder da unidade. "A festa mais agradável e espiritualmente comovedora é a que chamamos Festa de Jamal. A Assembléia Espiritual Local havia iniciado classes de inglês para os , membros de fala persa da comunidade. Usou somente orações e escritos da Fé para ensinar inglês como segundo idioma dos refugiados recém chegados. Destas classes, surgiu a idéia de pedir-lhes que recitassem orações nas próximas Festas... Os Bahá'ís de fala persa perguntaram aos de fala inglesa se eles gostariam de aprender orações persas e poderiam unir-se com eles na Festa. A oração final foi recitada em persa por um jovem de fala inglesa. Sua voz estava cheia de beleza; fez brotar lágrimas dos olhos de todos, especialmente dos crentes do Irã que choravam lágrimas de alegria por esta mostra genuína de amor mútuo." NORMAS PARA PROJETOS Bahá'ís DE DESENVOLVIMENTO Carta do Centro Mundial de dezembro de 1985 Informando aos Crentes... As Assembléias ...têm que fazer esforços especiais para informar os amigos sobre este novo desenvolvimento de atividades Bahá'ís. Sugerimos que, além de normas escritas que podem ser mandadas, as Assembléias façam reuniões com os amigos em todos os níveis... para explicar os conceitos e para conseguir a colaboração dos crentes. Apesar de que conferências para explicar os conceitos gerais e mostrar como os projetos de desenvolvimento baseiam-se nos ensinamentos e no espírito da Fé sejam importantes, as Assembléias... deveriam salientar, também, a realização de conferências e seminários locais ou regionais para os quais deveriam ser convidados peritos Bahá'ís e não-Bahá'ís para que apresentassem suas especialidades. Os participantes irão se beneficiar muito das consultas sobre assuntos como educação, saúde, higiene, agricultura, tecnologia apropriada e práticas de administração. Além disso, estas conferências irão elevar o prestígio da comunidade Bahá'í e demonstrar às autoridades o grau de interesse dos Bahá'ís no melhoramento do meio ambiente e na vida do povo. Iniciando Projetos de Desenvolvimento Bahá'ís Crentes individuais que vejam possibilidades para projetos na sua própria área ou em outra podem chamar a atenção de sua Assembléia Local ou Nacional, dependendo da importância do que envolve o trabalho. As Assembléias Espirituais... deveriam consultar com as suas comunidades nas Festas de Dezenove Dias ou em outras ocasiões para obter idéias sobre projetos úteis. Projetos Administrados Particularmente Muitos Bahá'ís já estão engajados em desenvolvimento Sócio-Econômico devido a sua profissão. Alguns até já podem dirigir projetos específicos tais como escolas, centros de desenvolvimento agrícolas, cursos de alfabetização, etc. Isso é excelente e deve ser apoiado altamente; faz parte dos esforços da comunidade Bahá'í para a melhoria da humanidade. Mas estes projetos louváveis não deveriam ser designados como projetos Bahá'ís, mas, como empreendimentos particulares. O Centro Mundial está interessado em receber relatório a respeito para seus registros a fim de obter uma vista geral, no entanto a comunidade Bahá'í não pode aceitar nenhuma responsabilidade a respeito. De fato, uma Assembléia Espiritual... tem o direito de aconselhar, facilitar, apoiar e colaborar em tais empreendimentos particulares para o benefício da comunidade bahá'í. A Casa Universal de Justiça tem observado que desde outubro de 1983, um número crescente de crentes tem decidido colaborar particularmente, entre si, de iniciar projetos de desenvolvimento Sócio-Econômico. Isso é permitido, mas a Casa Universal de Justiça incita estes amigos a basear tais colaborações em sólidas práticas comerciais, e de anotar, por escrito , qualquer acordo. Assim, pode-se reduzir ao mínimo ou até mesmo eliminar mal entendidos subseqüentes que iriam sobrecarregar o tempo e as energias das instituições administrativas. Como Escolher e Planejar Projetos Qualquer projeto tem que basear-se numa comunidade Bahá'í suficientemente forte que tem a capacidade evidente de executá-lo, e que promete claramente um benefício duradouro. Projetos podem ser sugeridos por crentes individuais e por instituições Bahá'ís mas não devem ser impostos. Antes de efetuar um projeto a Assembléia responsável tem que ter certeza que é bem recebido pelos crentes da área, que estão envolvidos na sua execução; e se trará um benefício permanente. O projeto tem que ser praticável e dentro dos limites da mão-de-obra e de recursos disponíveis. É bem melhor começar pequeno e aumentar gradualmente do que ser ambicioso demais, arriscando desanimar os amigos por um fracasso. T em que ser de acordo com as capacidades imediatas e prementes, percebidas pela comunidade. Tem que ter cuidado de assegurar que o número de pessoas a ser ajudado não exceda os recursos e a capacidade da comunidade bahá'í. Auto-ajuda tem que ser um componente forte em cada projeto. Um projeto tem que ser considerado como um meio pelo qual os participantes ganham experiência e confiança, respeito próprio e dignidade e têm também que alcançar o seu propósito. A prática da arte de consulta em todos os níveis do projeto deveria gerar as bênçãos do processo consultivo e desenvolver a habilidade essencial para tomar decisões. É essencial envolver as mulheres, tanto quanto possível, em todos os tipos de projetos. De fato, alguns projetos podem ser dedicados inteiramente a elevação da posição social da mulher e nestes projetos tem que ser garantida a participação e apoio dos homens. Projetos deveriam basear-se sobre idéias e técnicas apropriadas e compatíveis com a cultura e colocação social e com a capacidade e a experiência das pessoas para as quais são desenvolvidas. Idéias e técnicas que não tem relevância ou não trazem ajuda imediata às pessoas, devem ser evitadas. Os projetos deveriam ser coerentes com os alvos das autoridades civis locais e nacionais, e deveriam ser explicados os não-Bahá'ís envolvidos para que sejam bem recebidos e recebam um apoio caloroso pelas autoridades e comunidades não-Bahá'ís. Cada projeto deve ter objetivos e alvos bem definidos. Deveriam ser simples e manejáveis. Deveriam identificar pessoas dignas de confiança com um conhecimento aceitável de administração. Se for necessário pessoas deveriam ser treinadas adicionalmente habilitando-as a coordenar melhor os recursos humanos e materiais necessários para o projeto. O grau de habilidade requerido deveria corresponder ao tamanho e à complexidade do projeto. O Financiamento de Projetos Muitos projetos estão provendo suas próprias necessidades desde o início; outros podem precisar de uma ajuda financeira inicial dos fundos locais ou nacionais; e ainda outros podem envolver assistência financeira de fontes não-Bahá'ís. Todos deveriam almejar ficar independentes de apoio contínuo, seja de fontes Bahá'ís ou não-Bahá'ís, seja de apoio financeiro ou de mão-de-obra. E estes fatores deveriam ser considerados e providenciados antes do lançamento de um projeto. Qualquer projeto começado pela Causa deve ser feito com a intenção de crescer de forma sólida e firme e não desmoronar de exaustão. Em outras palavras, assistência externa e fundos (Bahá'ís ou não-Bahá'ís) podem ser usados para avaliações, para começar as atividades e para conseguir habilitações, mas a meta de qualquer projeto deve ser de conseguir continuar e desenvolver-se pela força de trabalho, fundos e entusiasmo dos Bahá'ís locais. Está a critério de cada Assembléia Espiritual... de decidir que tipo de assistência irá dar a projetos de desenvolvimento local lançados em sua região. Quando um projeto tem um valor especial para a comunidade, mas os recursos são limitados, a Assembléia Espiritual Nacional, em consulta com os Conselheiros, deveriam determinar a extensão da assistência financeira necessária e submeter o seu relatório à Casa Universal de Justiça. Então, a Casa Universal de Justiça irá decidir: a) se ela pode fornecer alguma assistência dos fundos internacionais da Fé; b) se escolhe uma outra comunidade nacional Bahá'í para dar assistência; c) se irá autorizar a Assembléia Nacional a solicitar assistência financeira a outros tipos de autoridades civis; d) se o projeto deveria ser submetido a uma entidade nacional ou internacional não-Bahá'í . para apoio financeiro. As Assembléias Nacionais não deveriam solicitar ajuda a autoridades civis, fontes estrangeiras não-Bahá'ís, outras Assembléias Nacionais ou crentes fora de sua jurisdição em autorização prévia da Casa Universal de Justiça. Execução de Projetos Desde seu início os projetos devem ser organizados corretamente, cada: participante deve conhecer claramente a sua função, suas responsabilidades e os limites da sua autoridade. O trabalho deve ser repartido em atividades distintas e, se for necessário, os recursos estimados devem ser requeridos. A determinação de detalhes deve ser proporcional complexidade do projeto e de modo mais simples possível. A meta da autoconfiança da comunidade deve ser sempre lembrada; deve ser assegurado que os projetos não se tornem de autobenefício. Autoridades locais devem ficar informadas, regulamentos locais de trabalho devem ser observados e deve-se obter licenças e autorizações necessárias. Deve-se manter um registro do projeto onde todos os eventos importantes, decisões tomadas são registrados imediata e exatamente. As finanças devem ser controladas com meticulosa atenção quanto a sua exatidão e o registro financeiro mantido de forma a facilitar uma revisão interior. Avaliações regulares devem ser feitas, nas quais se discutirá o progresso do trabalho e os gastos comparando-os com os planos originais e o fluxo do dinheiro. Plano futuros e esquemas devem ser ajustados às experiências ganhas. Onde são usados recursos não comunitários, a agência auxiliadora (Bahá'í ou não-bahá'í) deve receber relatórios regulares de acordo com os procedimentos combinados no início. Não devem ser feitas mudanças significativas dos planos originais sem o consentimento da agência auxiliadora. Uns projetos podem ter o propósito de duração limitado e deve ser levado a um ponto final claro. Todos os registros devem estar em dia, qualquer material e equipamento apropriadamente arrumado e os relatórios a respeito do projeto bem guardados. Avaliação de Projetos Todos os tipos e tamanhos de projetos exigem um estudo cuidadoso e uma avaliação antes de começá-los. Para assegurar que o projeto é praticável, é necessário cumprir os conceitos apresentados para um projeto Bahá'í de desenvolvimento. Todos os esforços devem ser feitos para evitarem-se começos apressados de projetos mal aconselhados e planejados. Uma análise adequada das metas e dos meios disponíveis para consegui-las é de suma importância; devem também ser controlados constantemente durante as ações para assegurar que o alvo do projeto é atingível e que todas as diretrizes são consideradas religiosamente. É bom lembrar que projetos podem precisar de emendas ou alterações de seus propósitos devido à experiência operacional. A necessidade de tais mudanças só pode ser percebida pela constante supervisão e deve ser aceita como uma parte componente do projeto. A pré-avaliação, controle e avaliação final de um projeto em certas ocasiões, em que os participantes do projeto fazem o papel maior, serão feitas, e em outras ocasiões contarão com as opiniões de outras pessoas convidadas a fazer deste serviço pela Assembléia Espiritual... Dependendo da importância do projeto e do seu impacto, poderá ser necessário consultar o Centro Mundial. COMO INICIAR O PRIMEIRO PASSO... Um dos maiores desafios com que nos deparamos após estudarmos todos os princípios da Fé relacionados aos projetos de desenvolvimento sócio-econômico, surge, assim que iniciamos a colocar "o pé na estrada"; não sabemos como manter o contato com a comunidade que pretendemos servir, para que possa por si só, identificar seus problemas, verificar as soluções, iniciar um projeto que reflita a visão, os anseios e as soluções apresentadas pelas suas próprias raízes. Sem dúvida, há muitas comunidades que têm líderes natos, pessoas capazes de encabeçarem um processo de transformação social, porém, os mesmos necessitam de apoio e orientação, baseados em técnicas adequadas para que o trabalho possa ser iniciado. Tomemos o exemplo de uma Assembléia Espiritual Local forte que realiza um trabalho há vários anos em alguma cidade vizinha que tenha uma comunidade consolidada, com Bahá'ís conscientes, e que os mesmos já tenham expressado o desejo de iniciarem algum trabalho na área do desenvolvimento social e comunitário. O que fazer? A primeira tarefa é auxiliar os Bahá'ís daquela cidade vizinha a identificarem os seus problemas básicos. Como fazer isto? Relataremos aqui duas técnicas que poderão ser consideradas. A primeira foi apresentada pelo Conselheiro Eloy Anello durante o I Seminário de Desenvolvimento Socioeconômico realizado no Brasil no ano de 1987, em Brasília, DF. A segunda é uma técnica que vem sendo desenvolvida através dos consultores que têm apoiado o Escritório de Desenvolvimento Sócio-Econômico do Centro Mundial em um projeto a nível mundial de promoção da mulher, desenvolvido pela comunidade bahá'í, com o apoio da UNIFEM {Fundo das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Mulher}. Exemplos Grupos pequenos de no máximo nove pessoas, e de preferência numa primeira fase compreendendo somente os membros da Assembléia Local, se reúnem numa sala onde, no chão, são colocadas folhas grandes de papel branco, cobrindo piso da sala numa área de mais ou menos dez metros quadrados. Lápis de cor são entregues ao grupo e cada indivíduo é solicitado a desenhar determinada situação de sua idade, vila ou bairro, que sente que poderiam ser melhorada. Por exemplo, podem desenhar uma escola, uma ponte necessária que precisa ser construída, um posto de saúde, alguma atividade da área econômica típica da cidade, etc. Após traçarem os elementos centrais que sentem ser importantes em sua cidade, todos são estimulados a fazer uma apresentação oral do que significa o seu desenho e de quais são os problemas que identificam naquele elemento particular que desenhou. Um facilitador passa a estimular todos para que também apresentem suas observações com relação aos desenhos dos outros membros do grupo. Numa segunda fase, os participantes do grupo são solicitados a desenharem as soluções que sentem poder ser alcançadas. A partir daí, nova consulta é realizada e identificasse quais são as prioridades a serem tratadas dos problemas existentes. Está montado o projeto sócio-econômico. Essa técnica facilita a definição de problemas e apresentação de soluções quando os grupos se caracterizam por dificuldades de expressão oral, quase sempre presente em populações pouco alfabetizadas, mas extremamente conscientes das necessidades que têm. A segunda técnica necessita de tecnologia mais refinada. O grupo que será trabalhado deverá ter uma câmara de vídeo em mãos e irá visitar os diversos pontos da cidade, vila ou bairro, filmando e entrevistando a população, perguntando sobre os problemas que cada um sente que a cidade tem, mostrando em vídeo as áreas que sentem que poderiam sofrer um processo de transformação, através de um projeto de desenvolvimento sócio-econômico, etc. Ao final das filmagens o vídeo é mostrado, analisado e comentado por todos os participantes. Novas filmagens são realizadas até que se defina claramente qual a área, vila ou bairro que deverá ser trabalhada. A partir daí, segue-se a técnica de detectar as soluções e chegar-se a uma proposta final de trabalho a ser realizado pela comunidade. Ponto forte do Projeto: O Compromisso da Comunidade O ponto importante no trabalho de desenvolvimento sócio-econômico é que haja um forte compromisso da comunidade alvo no processo de identificação dos problemas e que sua análise, da apresentação de soluções, do planejamento das atividades a serem realizadas, da monitoração e acompanhamento do projeto e de sua implementação. Deve haver um compromisso muito forte firmado entre todos os participantes. Isto somente poderá ser conseguido através de reuniões que envolvam os interessados no projeto sócio-econômico a ser desenvolvido. Se, por exemplo, o projeto envolve a administração de recursos, de instrumentos de trabalho, propriedades, etc. devem haver elementos responsáveis, claramente identificados, para cada uma dessas partes do projeto, que tenham um compromisso sério de realizar a sua tarefa. Se este compromisso individual não for claramente sentido, é melhor que o projeto não se inicie. A Assembléia Espiritual Local e o Projeto No caso dos projetos sócio-econômicos Bahá'ís é muito importante o envolvimento da Assembléia Espiritual Local na implementação e acompanhamento do projeto. A complexidade do trabalho a ser implantado deve estar de acordo com a capacidade administrativa da comunidade. Assim, é importante que os monitores que irão trabalhar no estímulo de determinada comunidade Bahá'í para realizar um projeto, tenham a sensibilidade de verificar até que ponto os próprios Bahá'ís e a comunidade local são capazes de administrar as propostas que estarão surgindo. APÊNDICE Exemplos de Projetos de Desenvolvimento Há muitos tipos de projetos que podem ser adotados por uma comunidade bahá'í. A lista que segue, mostra exemplos de tais projetos entre a extensão ampla de possibilidades. Conforme as circunstâncias podem ser executados numa escala pequena, média ou grande. 1. Educacional Creches e Centros Diurnos para Crianças Pré-Escola e Jardim de Infância Educação Elementar Rural (Escolas Tutoriais) Escola Primária, Rural, Urbana e em Subúrbios Classes de: Alfabetização Idades Diferentes Educação para Adultos Educação Profissionalizante para Jovens Educação Vocacional Educação Especial para Crianças Escolas Secundárias Educação de Nível Colegial Treinamento para Professores 2. Promoção de Saúde e Higiene Educação Elementar Rural de Saúde e Prevenção Prática Sanitárias Água Potável, Armazenamento, Distribuição e Filtração Educação Alimentar Cuidados Materno-Infantis Cuidados Primários de Saúde e Imunização Outros Programas para Saúde 3. Agricultura Melhoria de Técnicas Agrícolas Agricultura em Terra Árida Agricultura Orgânica Fertilizantes Reflorestamento e Silvicultura Irrigação e Técnicas Diversas de Irrigação Aumento da Safra Agrícola Produção de Alimentos Armazenamento e Distribuição de Alimentos Melhoras na Criação de Gado Criação de Abelhas Avicultura Criação de Peixes Melhor Controle de Erosão do Solo Desenvolvimento Comunitário Treinamento de Chefia Dando Ênfase ao Serviço Importante Papel da Mulher Treinamento Administrativo para o Desenvolvimento Comunitário Preservação da Cultura Indígena Cuidado de Idosos e Doentes Cuidado de Pessoas com Problemas Físicos ou Emocionais Melhorias do Habitat Preservação do Meio Ambiente


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